Rua da Paisagem, 220 – Vila da Serra BH / MG
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O processo de alfabetização nas escolas não depende somente de um bom alfabetizador, mas, principalmente, de um educador com visão aberta para o conhecimento e para a possibilidade do desconhecido.
Em dezembro de 2009, recebemos uma mãe de nome Nina, na Instituição Centro de Vivências Despertar para Vida (CVDVIDA), em Vitória-ES, para uma avaliação psicopedagógica. Ela é professora do ensino fundamental e iniciou a anamnese com um depoimento angustiado: ___“Meu filho é medicado desde os 04 anos de idade, hoje ele tem 12 anos e nenhum médico me deu um diagnóstico que eu pudesse me sentir segura. Hoje, sinto nossa família doente. Meu filho encontra-se doente e eu não sei mais o que fazer para ajudá-lo. Ele tem notas abaixo da média na escola e atualmente manifesta comportamento agressivo. Eu tenho consciência de que meu filho não é isso que estão dizendo, mas não sei mais o que fazer”.
Marcamos a primeira sessão de avaliação com Arthur. Um menino franzino, ombros caídos, face pálida, linguagem curta e objetiva. Piscava os olhos o tempo todo e usava a mão na testa, querendo fazer sombra nos olhos. Não tivemos dúvida de qual seria o primeiro teste a ser realizado com Arthur: “Teste de Irlen”. Durante a aplicação do teste, a criança ficou muito incomodada. Foi com extremo tato que conseguimos dar continuidade o exame. No final da avaliação, com o uso dos overlays, detectamos o alívio imediato da criança para leitura do livro apresentado. Seu tom de voz e as feições do rosto tiveram melhora considerável. Chamamos a mãe para presenciar o fato. A mãe chorava de emoção, pois alegava que ela lia as tarefas para o Arthur e ele respondia oralmente. Ela nunca tinha presenciado a leitura dele daquele jeito. A Síndrome de Irlen, até o presente momento, era desconhecida por ela.
Para as psicopedagogas que acompanharam o caso foi um momento de muita emoção; presenciar uma cena de mãe e filho, com sentimentos angustiados e sofridos pela história de vida serem transformados em choro de alegria, oportunidade de conhecimento, capacidade de associação das idéias, e discernimento de fatos é essencialmente um privilégio. Mãe e filho, descobrindo o mundo com um outro olhar. Um cenário de revolução do conhecimento.
Em nossa prática profissional enquanto psicopedagogas, tivemos muitas vivências com vários pacientes. Crianças, adolescentes, adultos e idosos. O conhecimento sobre a Síndrome de Irlen, agrega valor ao nosso cotidiano profissional, criando mais um olhar – dentre tantos que nós exigimos verificar no exercício da avaliação de um paciente.
O Teste de Irlen é uma ferramenta necessária para a prática psicopedagógica na Instituição Centro de Vivências Despertar para Vida. É hora de despertarmos para um novo olhar dentro da realidade que se faz presente nas atitudes e comportamentos das pessoas que julgamos auxiliar.
Leila Landgraf
Psicopedagoga Clínica Institucional e Screener
Presidente do Centro de Vivências Despertar para Vida – CVDVIDA