A pesquisa que explica porque, sob efeito da VCI e de diversos fatores como Iluminação Artificial, a leitura pode ser tão difícil.
Como funciona o nosso Sistema Visual
Primeiro, precisamos entender que, quando vemos a luz sendo refletida na parede, na mesa, no papel, no tela do computador ou do telefone este espectro de luz visível entra diretamente pelos nossos olhos e atravessa toda a estrutura do nosso olho até chegar à retina. Na retina há células responsáveis por transformar o estímulo físico recebido em estímulo nervoso: as células cones e bastonetes. Uma vez estimuladas, o nervo óptico envia para o cérebro a informação captada pelos olhos. Então, o que enxergamos é definido pelo cérebro. A imagem é uma construção cerebral. Você sabe a cor de uma blusa porque o seu cérebro informou. Porém, pessoas com Estresse Visual, podem não conseguir fazer isso.
Causa e sintomas
As pessoas portadoras do Estresse Visual ou Síndrome de Irlen, geralmente têm um problema hereditário, nas células cones e bastonetes da retina, ou nos caminhos que a luz toma nos circuitos cerebrais. Mas mesmo a pessoa que não sabe que têm o problema, sabe que sente uma forte intolerância à luz. O que a incomoda é a luz de forma geral, direta ou refletida.
Outro sintoma é a dificuldade na leitura. As pessoas com Estresse Visual podem ter até convulsões quando expostas ao padrão preto e branco de listras regulares e horizontais. Imagine, então, quando são obrigadas a ler em um padrão listrado – os textos geralmente seguem esse padrão: fundo branco e listras pretas (linhas de texto).
Objetivo da Pesquisa
Todas as vezes que o corpo humano está em uma superfície que vibra, o corpo todo vibra, estamos falando que ele está sofrendo uma vibração mecânica de corpo inteiro, conhecida como VCI. Isso acontece quando estamos dentro de um ônibus, metrô, carro, avião ou um trator, em qualquer meio de transporte ou até mesmo andando. Se você está andando e lendo no smartphone você está lendo sob vibração mecânica. O objetivo então é avaliar o efeito dessa vibração de corpo inteiro na movimentação dos olhos.
Metodologia
Setenta adultos, de ambos os gêneros, foram alocados em três grupos: os bons leitores (pessoas com volume e frequência diários de leitura), os portadores de Estresse Visual (Síndrome de Irlen) e, os sem distúrbios visuais. Os voluntários foram acomodados, para uma simulação em laboratório, em uma cadeira vibratória apoiada em uma plataforma e ajustada a um sistema de aquisição de dados e a um sistema de controle. Os movimentos oculares foram registrados por óculos “eyetrackers” (equipamento capaz de rastrear os movimentos dos olhos). Durante todo o processo, todas as pessoas – dos três grupos – foram avaliadas para certificarmos que elas atendiam aos critérios estabelecidos por normas internacionais (Norma ISO-2631-1,1997,2010,por exemplo) antes de iniciarem a leitura em ambiente vibratório, que por ser também desgastante para parte dessas pessoas.
Conclusão da Pesquisa
A leitura feita sob VCI causou efeitos na oculomotricidade – movimentos oculares – tanto em quem tem Estresse Visual, quanto nos que não tem. Todos fizeram mais movimentos anômalos do que movimentos coordenados nos olhos.
Os bons leitores (nenhum portador de Estresse Visual) tiveram boa proficiência, independentemente de terem problemas de refração como, por exemplo, ser míope ou não. Todos preferiram ler no tablet sob luz de LED.
Já as pessoas com Estresse Visual, sentiram-se extremamente desconfortáveis, em especial com a iluminação fluorescente (mais do que com a de LED). E sentiram mais conforto lendo em papel.
Horizontalização do conhecimento em um sentido amplo e interdisciplinar
A tese de doutorado defendida por Valéria faz parte de um projeto de pesquisa envolvendo Vibração de Corpo Inteiro e seus efeitos em atividades humanas, realizada em parceria com a Escola de Engenharia da UFMG. A pesquisa é resultado do trabalho interdisciplinar entre a UFMG e o LAPAN nos estudos das Neurociências da Visão.
Conhecimentos compartilhados para identificar a Síndrome de Irlen
A Fundação H.Olhos e o Laboratório de Pesquisa Aplicada à Neurovisão (LAPAN) desenvolvem um trabalho de capacitação voltado para profissionais da saúde e educação. O curso DARV – Distúrbios de Aprendizagem Relacionados à Visão, tem duração de quatro dias e, em sua 33ª edição, já formou cerca de 6 mil profissionais de todos os estados do Brasil.
Os conhecimentos compartilhados no curso DARV permitem identificar, a partir da aplicação do Método Irlen, os distúrbios visuais causados pelo Estresse Visual. A 33ª edição do curso acontece entre os dias 23 e 25 de maio. Saiba mais aqui.